terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Retrato do afeto

Um entardecer.
Duas pessoas iluminadas pelo sol das 5h, não, das 6h da tarde, sentadas em um banco. Daqueles de madeira que, entre uma madeira e outra, tem um fresta, mostrando frações do corpo de quem senta.
As duas pessoas estão de costas, não se falam, não se olham; uma apenas abraça a segunda com um braço enquanto a segunda apóia a cabeça em um dos ombros do um.
A duas cabeças olham para o céu: quase todo colorido de laranja, com pequenos buraquinhos brancos e algumas manchas violeta... as nuvens prometem o fim do mundo, apocalípticas...
Além do banco, além das duas pessoas, além do céu, não há nada.
Há, sim. Apenas uma árvore do lado direito do banco, com folhas refletindo as chamas do céu das 6h da tarde, não, das 5h.
Algumas folhas caem lentamente...
...
Não caem muitas, mas, uma hora ou outra... caem duas ou três, ou quatro... e duas de novo, quatro... três folhas... duas. Duas. Mais duas... Três... Cinco! ...duas... Seis! ... Oito... VINTE E TRÊS... dezoito... dezenove... TRINTA e duas folhas! TRINTA E OITO, QUARENTA E DUAS, CAEM QUARENTA E DUAS! SETENTA E UMA... e uma... setenta e cinco... cento e doze... TREZENTOS E SETE! ...trezentos e cinco... treze... cento e quatro... nove... trezentos e trinta e oito...
... Quantas folhas uma árvore tem?