terça-feira, 29 de março de 2011

Bagagem de Mão

Saudade...
... é o que mais pesa na minha bagagem.
Esses dias eu abri minha mala e encontrei teu rosto adormecido, encontrei aquele teu riso mais bobo, o jeito como tuas mãos desajeitadas regem teus discursos, eu abri minha mala e escutei de novo o teu fôlego furtando meu cheiro, teus dedos despindo minha alma...
Estou com saudade de dizer teu nome como se ele me pertencesse, de ouvir meu nome matar a sede na tua saliva, saudade dos teus olhos, dos poemas, da pele, da letra, do que era bom... Saudade daquela palavrinha que sempre te confundia: blibioteca...
Eu não entro mais em bibliotecas.
Estou tentando desaprender a ler, quero esquecer a história que você escreveu na minha pele, quero pular o capítulo que você gravou nos meus gostos, na minha vontade. Quero esquecer seu título. Eu, agora, comemoro cada página arrancada, virou meu livro de cabeceira... a saudade... Comemoro cada página, cada página...
E, logo, nossa história vai parar nas prateleiras da minha biblioteca de páginas que arranquei de outros livros...
Amores vão, vêm... vêm e vão... e vão e vêm... Mas o amor nunca vem em vão...
Eu preciso me livrar dessa mala, preciso parar de fingir que eu não tenho um coração.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Malboro Light Maço

Notas dissonantes e solitárias se envolvem de silêncio e tempo. Xixi enche bexiga cheia. Uma valsa nos pés. Ouvidos olvidados de vez. Vento nas mãos para refrescar, palavras na cabeça para fugir. Um cemitério de pianos roubados a se visitar...
Gut Gut Gut...
Dor de garganta e catarro...
Tá caro... o cigarro... Paro? Tá caro. Não paro. Paro? Não paro! Paro ou não paro?
"Tá na cara", ele escancara.
(Escarro)
Mora na... Morra na...
(cuspo)
Musgo no refrigerador! É o sinismo do catarro. O sarro do cigarro. O trago da cisma. O sinistro da garra. O esmo da gana. O mesmo da trama. É o drama, é o gesto, o credo e a cria. É a CIA, é a C&A, é a cia.
É a cia.
É a falta de brio. E o cio é o seu (Bombril)! Senhas. Senhas! Senhas, SENHAS! Senhas para todos os maços, para todas as moças, para todas as marcas! Para a C&A.
Fumando nuvens carregadas de trovões. Relampejando tosses. Vício possesso. Caro fumo passageiro; passagem caridosa ao viciado. Fumante dos passos escassos, dos queridos caretas picados. Das picas pisadas dos filmes, apenas carretas idas, nunca mais voltadas.
E ainda a vontade de mijar.