sexta-feira, 22 de junho de 2012

Maio me trouxe a Junho

Nunca tinha olhado pra cara de junho desta forma. Reparado em como o nariz se torce com nojo de tudo, os olhos marejados de um'água que não vem da dor, a boca cheia de fumaça e só, o jeito como junho pisa quieto, irritante. Mais do que nunca eu odeio junho por me olhar com tanta familiaridade. Eu não tenho nada contigo! Não me olhe como se fôssemos íntimos porque não somos. Junho não significa nada. Mas a vontade é tanta de por toda a culpa das razões em algo. Deve ser o mês, deve ser culpa de tempo, não de espaço. Por favor que não seja de espaço. Espaços andam pra frente e pra trás com tanta facilidade que a gente começa a andar na lógica deles e quando vê está caminhando sozinho. Com o tempo não. Não tem como errar. Ele só anda pra frente e a gente caminha ao lado dele ou deixa ele ir sem a gente. Tem que ser culpa do tempo. Junho destruiu a música que eu amava, a música que acompanhou meu amor, simples e suave coisa. Pediram "bis", junho levantou o copo de vinho como se brindasse, saiu e não voltou mais. As luzes do palco se apagaram, acenderam-se as tristes luzes de serviço. Junho ficou cristalizado de uma forma surpreendentemente desapontadora. Eu peço perdão a junho por todas as mentiras. Junho não tinha esse direito! No samba, ignoro todas as notas de alegria e danço em qualquer de tristeza e cansaço. Sambo no esquecimento de todas as músicas que nunca tinha ouvido. Eu vou parar de pedir. Escrevi uma frase e me arrependi. Vou parar de pedir. Vou pegar mais um copo de vinho e volto já. No segundo copo de vinho, no primeiro junho, eu já posso dizer que a culpa é minha. Foi minha na primeira vez, na segunda também, na terceira nem tanto, mas na quarta definitivamente foi. E são tantas pessoas caídas nos meses passados. Voltei pra levantar a primeira, abandonei a segunda, fui abandonado pela terceira e cai junto com a quarta. Abracei o maio da terceira com tanto desespero, bebi tudo até chegar a... junho. Veio julho... Veio agosto. Logo eu que só sabia de janeiro e dezembro. O meu aniversário e o mês que o precedia. Que quando me perguntavam pelo mês, abusava do charme de dizer que não sabia que mês que vinha. Agora tenho nos meses histórias de fim e começo. Só gostaria de dizer a junho que agosto foi fim, setembro foi fim, outubro foi fim. Em novembro simplesmente senti falta do fim. E em dezembro não me recordava mais dele. Janeiro foi pausa e fevereiro foi recomeço. Desde então, março foi começo, abril foi começo, maio foi começo, mas junho não. E o fim finalmente chegou. Uma certeza que junho me trouxe é que é muito melhor ser deixado pra trás. E não posso me esquecer da força que encontrei em maio, quando isso aconteceu.

Um comentário:

  1. primeiro de julho dentro de um dia que não parece ter fim. hoje sua presença faria diferença na minha vida. hoje se eu tivesse um abraço e um silêncio seu seria mais que suficiente. hoje a solidão não me cumpri, não me basta.

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