sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

nu

Era preto e era branco.
Odiava não ser preto, odiava não ser branco;
odiava ser preto e branco.

Quando era o um, se sentia meio o outro.
Como ser inteiro quando se é dois mais?
Sou, o preto e o branco: nós três?

Há que se ser um
há que se ser um
há que se ser um!!!

Então disfarçava suas partes,
escondia as metades.
Mas, na procura de ser um, já era três ou quatro.

Decaptou uma das frações: denunciavam...
não se sabe se foi preto ou se foi branco,
mas já não era um e outro e, na verdade, nem o outro nem o um.

E se sentiu assim.

Não como quem se liberta,
não como quem se completa.
Como quem se perdeu.

E se sentiu assim
se sentiu assim
sentiu assim
assim...

Assim, acostumado.
"...as laranjas estão doces demais..."

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