quinta-feira, 26 de abril de 2012

Diário de Lisboa . Manifesto de Calvin

Eu quero a euforia, felicidade não basta... Às vezes a gente tem a obrigação de ser feliz. Vamos rindo, rindo, sorrindo, rindo, gargalhando, rindo, sorrindo. São tantos dentes, é tanto dente. É tanta ruga de sorriso, de riso, de ser sorridente, de sorrir, de sorrir, de rir enrugado. É uma máscara bizarra contorcida, tão doente, de boca aberta como se engasgasse, histérica como se louca. Sorridente, assustadora. E aquela história de que a tristeza não tinha fim, e sim a felicidade? Que sensação mais aterradora essa de dois ganchos guinchando cada canto dos lábios para as orelhas! Que esvaziamento da diversidade inter-relacional isso de começar e terminar tudo com um sorriso! Que positivismo imbecil isso de potencializar qualquer miséria! Que foto super-exposta essa de não se deixar nunca de dizer "x"! Que palhaço deprimente desse circo de mundo! Fecha essa boca! Aperta esse riso! Faz um nó na felicidade! Sorrir não é prerrogativa pra se estar no mundo, muito menos pra comprar pão. Aliás, muto menos pra vender pão. Simplesmente a felicidade está gasta. É como uma faca cega tentando cortar um pulso por toda a eternidade. A felicidade deu o cu tinha e o cu não tinha pra todo mundo e terminou com a b...........oca arrombada. Só me deixa um pouco quieto, pode ser? Não me venham com suas vontades, seus sonhos, suas presenças, suas levezas, seus confortos, suas lições, ansiedades e tédios, seus convites. Não olhem pra mim que eu não posso correr o riso de arriscar...

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